O dilema é o seguinte: dizer ou não dizer? Tudo o que se passa a seguir em nossa cabeça é um filme mais assustador que os de terror, cheio de medo e tensão. A ideia de talvez estragar tudo e nunca mais conseguir apagar da memoria a vergonha que foi ter dito aquilo.

     Se você já passou ou está passando por isso, sabe bem do que estou falando, é um conflito sem fim e que a todo momento é decisivo, um caso de vida ou morte. Você tenta não pensar demais nisso, mas quando se dá conta já está sofrendo duas vezes mais com algo que ainda é só uma possibilidade. É um ciclo que só acabaria se você falasse de uma vez, mas falar é tudo que você não consegue fazer.

     Porque se admitir pra si mesmo que está apaixonado(a) já é difícil, dizer para a pessoa é ainda pior, quase impossível. O que ela vai pensar? Como vai reagir? E se a resposta for não? É coisa demais para se considerar, e você não é dessas que quer perder a essa altura do campeonato, não agora que já criou um cantinho especial para guardar aquela pessoa.

     E não é só o medo de ser rejeitado(a) (antes fosse), mas é algo muito além, é o medo de que ela não saiba lidar com isso e que a partir daí as coisas comecem a ficar estranhas. É o medo de não poderem mais se falar da mesma forma, de as piadas internas perderem a graça e de tudo virar um campo minado. Aí que você não vai querer parecer que está louco(a) de amor para que a pessoa não se sinta ainda mais pressionada na sua presença. E você gosta dela sim, mas é muito mais que só querê-la, é o gostar de quem ela é, da sua presença e de tudo o que ela te acrescenta.

     Mas uma coisa a gente tem que levar em conta: quem não arrisca também não descobre o que pode acontecer. Lógico que não estou dizendo para que você saia a torto e a direito falando na lata que está apaixonado(a) ou coisa do tipo (mas se quiser, tudo bem), mas que construa um momento propício para que isso aconteça, aos poucos, de um jeito especial. E se no final das contas a resposta for um não, você ainda pode mudar de nome, de identidade e, se preciso for, até de cidade.

Seu amigo desconhecido.