Hoje eu quero falar sobre algo que a gente costuma fazer, mas não devia: prender aquilo que temos. É, você faz isso, eu faço e nossos conhecidos também, mesmo que muitos deles ou nós não percebamos. É a mania de querer segurar mais do que as mãos são capazes.
Bom, eu não sei nem por onde começar. Será que pergunto como você está ou já revelo o motivo principal? Eu não sei. Ah, uma carta? Pois é, eu sou das antigas e prefiro fazer como meus avós e meus pais faziam, pra ver se assim esse romance se torna mais bonito e poético. Mas talvez eu torça pra que essa carta nunca chegue até você.
Sabe, andei pensando e acho que temos medo de muita coisa. É medo de escuro, medo do fim do mês, medo do que o chefe vai dizer. É tanto medo que quase não sobra espaço pra ter coragem. A gente se acostuma, aprende a ir levando a vida assim, até que acabamos com medo de sermos felizes também.
O que você precisa nunca vai parecer ser a melhor coisa pra sua vida, porque não está de acordo com a sua vontade e sendo assim não pode ser bom sinal. Isso pode não te causar nada, pois se não é o que te interessa, não faz sentido direcionar sua atenção. É como aquilo que está bem na sua cara mas você está tão ocupada(o) olhando pra outro lado que não vê.
Você já ouviu aquele ditado batido de que todo mundo tem e um dia irá encontrar sua metade da laranja? Pois bem, é sobre isso que eu quero falar. Esse texto é pra todo mundo que sente que perdeu essa metade e não consegue encontrar, por mais que procure. Será que já é a hora de contratar um detetive particular?
O que você quer sempre vai parecer a melhor coisa pra sua vida, porque é a sua vontade e ela existe por algum motivo. Isso te causa insatisfação e motivação ao mesmo tempo; a primeira por você ainda não ter e a segunda por te dar o impulso necessário pra lutar em busca de conseguir ter. É como uma faca de dois gumes: boa e ruim de uma vez só.
Hoje talvez eu fosse falar um pouco sobre amor, ou sobre a vida, mas do nada mudei de ideia e não vou mais. Hoje eu vou falar sobre você. Te surpreendi? Pois bem, essa era mesmo a intenção: falar sobre o que você não estava esperando.
A mulher mais incrível que eu já conheci tinha uma personalidade forte, era de dar medo às vezes. Sabia o que queria e não se deixava rebaixar. Decidia sua própria vida e não permitia que mandassem nela. Era de ninguém e era dela ao mesmo tempo.
Sabe quando você quer que tudo saia bem pra todo mundo e que ninguém se magoe com você? Pois bem, estive pensando e acho que isso é algo impossível de se conseguir. Não porque não estamos nos esforçando ou por qualquer outro motivo parecido, mas sim porque tem coisa que é melhor deixar como está, mesmo que não esteja do jeito certo. Um pouco complicado, não?
É que sabe, a gente tem essa mania de querer a perfeição não só pela satisfação pessoal, mas em grande parte pelo que o outro irá pensar sobre nós. Somos criadores de expectativa em modo operante e à medida em que queremos que alguém cumpra com o que esperamos dela, há pessoas que esperam isso de nós. É um círculo vicioso que nunca dá em nada e só a gente que não percebe. E olha, vou te falar: sempre querer fazer tudo do jeito certo é que é o problema.
Porque não temos a fórmula secreta para conquistar o sucesso e muito menos sabemos como encontrá-la. Somos como uma granada em um campo minado: prontos pra estourar e espalhar falhas por todos os lados e salve-se quem puder! Mas o caso é que a gente cuida pra não esbarrar, pra não machucar ninguém e deixar tudo sempre no seu devido lugar. É assim que a gente vive do jeito que alguém quer, não fala o que precisa falar porque há quem não irá gostar e N coisas mais, pois parece ser o certo a se fazer.
Mas a gente cuida demais e assim é que acabamos nos atrapalhando. A verdade é que quanto mais a gente tenta e se certifica de que tudo está bem, mais deixamos passar aquele pequeno erro, que está bem ali mas nós não vemos, tamanha é a vontade de agradar em todos os aspectos. E então que mantemos esses cuidados para com o outro não porque queremos ou porque é da nossa índole, mas sim por já ter virado uma obrigação, parte da rotina.
Só que qualquer dia desses a gente vai deixar alguém decepcionado, seja por termos furado com aquele encontro com os amigos que não víamos há tempos ou por termos nos esquecido de ligar pra alguém no dia em que essa pessoa fez aniversário. É assim mesmo. E é nessas falhas que a gente aprende que ser perfeito em tudo é uma aptidão que ninguém precisa ter, pois se já soubéssemos de tudo, o que mais poderíamos aprender uns com os outros?
