Para as crianças que já não somos mais

14:27:00


     Um dia a gente quer crescer, para poder fazer o que ainda não podemos: assistir aquele programa sem cair no sono, participar de festas e assuntos, poder ter um celular e ser levado a sério quando necessário.  Um dia a gente quer ser "gente grande". Em outro dia a gente cresce mesmo, passa a ser tratado como "gente grande" como tanto queria, então passamos a ter coisas a fazer, compromissos importantes com trabalho, com família, com amigos, namorados e namoradas. E aí passamos a querer ser criança de novo.

     A vida de adulto tanto almejada por nós quando criança não é nada fácil e logo descobrimos isso. São muitas tarefas a serem feitas, contas a serem pagas, pessoas pelas quais devemos atingir metas e objetivos estabelecidos, e assim a lista vai crescendo, cada vez mais, com itens que parecem nunca acabar. É nessa vida que a gente aprende que ser "gente grande" não era como víamos e imaginávamos ser; essa vida tem seus prazeres sim, mas nem se compara a dormir na sala e acordar na cama.
     Mas apesar dos pesares, apesar da saudade da infância e apesar do antigo "eu" que ficou para trás, aquele que brincava sem ter que se preocupar com a conta de luz ou a prestação do carro, ainda me sinto feliz pelo que vivo agora. Não é nada como eu pensei, o dinheiro não é distribuído de graça e nem surge do nada, as pessoas não puxam assunto umas com as outras no horário de almoço do trabalho e muito menos são felizes o tempo todo, mas isso me ajuda a ver que, em meio a todos esses obstáculos ainda estamos aqui e ainda conseguimos encontrar coisas para apreciar no fim de um dia difícil.
    Isso me mostra que, por mais que tenhamos crescido e esquecido de quem éramos quando pequenos, ainda guardamos um pedaço de nós mesmos, de toda aquela inocência e deslumbre, que nos permite, quando possível, gostar só por gostar, achar uma coisa simples e boba bonita e ser ridículos sem vergonha do olhar do outro. É por isso que, nesse dia de hoje, escrevo para as crianças que já não somos mais, pois mesmo sendo deixadas para trás, elas sempre existirão e estarão por aí, só esperando para brincar novamente como se o mundo não fosse um caos. 


Seu amigo desconhecido.

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Você não pode – e nem precisa – saber quem eu sou, assim como você não precisa se revelar para mim, a menos que queira, é claro. Aqui eu escrevo não só para você mas também em grande parte para mim mesmo, afinal de contas, todo mundo precisa desabafar, e talvez esse seja o jeito que encontrei pra mim, então procure me entender assim como eu tentarei entender você caso queira.

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