Quando vocês combinam demais

14:54:00


     Quem não quer alguém que aprecie as mesmas coisas que nós? Poder falar sobre as mesmas músicas, os mesmos filmes e séries, gostar dos mesmos lugares. Isso é o sonho de qualquer um mas nem sempre significa que o relacionamento seria bom.

     No começo, gostos e preferências parecidas já ajudam a criar afinidade e intimidade, é aquela situação de ter a segurança de nunca faltar assunto, de na maioria das vezes ter companhia para os programas favoritos e ser, em sua maioria, compreendida(o). Se vocês se gostam hoje em boa parte é graças aos hobbies em comum, afinal de contas eles facilitam bastante encontros e futuras relações.
     Mas há um problema nisso tudo: quando vocês combinam demais e isso não só nos hobbies mas no modo de pensar e ver as coisas, acaba que o relacionamento se torna previsível, fácil de decifrar e, às vezes, até sem graça. Você tem a certeza de que o presente do dia dos namorados ou de aniversario que comprou irá agradar, você sabe que esse filme novo vai causar determinado sentimento e você sabe também que se levar esse livro a pessoa também vai querer ler. Não há mais tanta surpresa, a não ser que você cace uma e até aqueles assuntos todos que nunca faltariam acabam perdendo a graça nas conversas também. 
    No final das contas todo o relacionamento cai na mesmice, tudo ou será aprovado ou será reprovado em uníssono. Você pode até achar que eu estou exagerando, mas muita gente por aí consegue essa façanha de ter as mesmas opiniões sobre tudo.
     De que adianta não ter pontos de vista diferentes? Não poder tentar convencer de que uma música ou um livro é bom e ouvir no final das contas que não é? Às vezes é bem melhor dormir sabendo que não agradou por isso ou por aquilo do que ter a certeza de que você agrada em absolutamente tudo o que faz. Se é para ser igual a você é mais fácil namorar consigo mesma(o).


Seu amigo desconhecido.

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Você não pode – e nem precisa – saber quem eu sou, assim como você não precisa se revelar para mim, a menos que queira, é claro. Aqui eu escrevo não só para você mas também em grande parte para mim mesmo, afinal de contas, todo mundo precisa desabafar, e talvez esse seja o jeito que encontrei pra mim, então procure me entender assim como eu tentarei entender você caso queira.

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