Sabe, andei pensando e acho que temos medo de muita coisa. É medo de escuro, medo do fim do mês, medo do que o chefe vai dizer. É tanto medo que quase não sobra espaço pra ter coragem. A gente se acostuma, aprende a ir levando a vida assim, até que acabamos com medo de sermos felizes também.

     Porque é mais fácil lidar com o que já conhecemos. Enquanto os obstáculos e as decepções da vida são como aqueles colegas chatos que sempre decidem nos fazer uma visitinha, a felicidade é aquela nossa tia rica que não parece se interessar em manter uma relação muito próxima. A gente sempre sabe que ela está por perto e que se tudo correr bem, ela aparecerá, mas acertar o momento em que a campainha tocará é que é o grande problema.

     Mas já reparou como a gente fica com medo de que esse momento aconteça? Porque do mesmo jeito que a felicidade vem, ela vai embora. A gente sabe que é assim e por isso acaba parecendo mais aceitável se privar de momentos bons pra não ter que ver o fim chegar e junto com ele os momentos ruins. É como se fosse a meia noite da Cinderela: a carruagem voltará a ser abóbora. E aí que evitamos a felicidade por costume com a tristeza, sem perceber que ambas são necessárias e passageiras.

     Só que em algum momento vamos precisar abrir a porta pra ver quem é que está tocando a campainha. Nesse momento a felicidade irá entrar pra ser a sua melhor amiga pelo tempo que ela achar que deve e quando chegar a hora, ela irá embora sem se despedir. A felicidade vai passar, assim como a tristeza e outros sentimentos também, você só precisa ter paciência e esperar que ela volte. Não tenha medo de ser feliz.

Seu amigo desconhecido.