Bom, eu não sei nem por onde começar. Será que pergunto como você está ou já revelo o motivo principal? Eu não sei. Ah, uma carta? Pois é, eu sou das antigas e prefiro fazer como meus avós e meus pais faziam, pra ver se assim esse romance se torna mais bonito e poético. Mas talvez eu torça pra que essa carta nunca chegue até você.

     Sabe, eu sei que você é o amor da minha vida, sei também que era pra ser assim, mas o que eu não sei é onde você está. É sério, por onde você anda pra ainda não ter chegado aqui? Poxa, eu já estou com vinte e tantos anos (não me faça revelar a minha idade) e algumas decepções amorosas na mala e nada de você aparecer. Em tantas dessas relações achei que finalmente fosse você e que fosse durar, mas quando eu menos esperava, via que era um amor, sim, mas não o da minha vida.

     E eu não vou mentir, pensar nisso geralmente me chateia. Eu nunca sei se o problema sou eu ou se o destino é que não vai com a minha cara. Talvez sejam as duas coisas. E eu fico imaginando se você pensa em mim, se também se pergunta por onde eu ando e o porquê de ainda não ter chegado aí. Você não acha engraçado? Ser o amor da vida de alguém sem ter uma vida junto com essa pessoa.

     Mas olha, no fim das contas não tem problema você não estar aqui, eu acho. Talvez não seja pra gente existir em uma vida só, talvez eu precise aprender a ir ao cinema sem a sua companhia e você precise aprender a cuidar das plantas e do gato (você gosta de gatos?) sem que eu tenha que ajudar. Pode ser que a gente não se encontre e não descubramos que seríamos ótimos um para o outro, mas tá tudo bem. Acho que o amor da minha vida não é pra ser meu.

Seu amigo desconhecido.