Olha, eu não queria te falar isso, ainda mais assim, mas não sou de mentir, então espero que não torne tudo ainda mais difícil, porque esse tipo de coisa não é nada fácil de se revelar. Mas eu admito: ainda é por você.

     Ainda é por você que eu continuo ouvindo "P.s I Love You" dos Beatles, mesmo que eu nem goste tanto dela assim. E aquela cafeteria que a gente ia, eu continuo frequentando e sempre me sento na mesma mesa perto da janela onde nós costumávamos ficar escondidos naqueles dias frios depois do trabalho.

     Ainda é por você que eu suspiro nas noites de sábado quando, sozinha, assisto aquele romance bem clichê com direito a cobertor, sorvete e choro no final. É ridículo, eu sei, mas nunca consigo me segurar quando o mocinho inacreditavelmente fica com a mocinha e deixa de lado tudo o que no mundo real não poderia ser ignorado.

     Mas apesar de tudo, eu não faço essas coisas pra te encontrar ou te ter de volta. A verdade é que eu faço porque quando nós fazíamos era bom, e apesar de não ser mais nós, ainda sou eu e eu ainda continuo gostando disso tudo, mesmo que agora não tenha você pra cantar a letra da música em um dueto desafinado comigo, pra jogar conversa fora na cafeteria ou pra fazer comentários hilários sobre os romances clichês que me emocionam. Você me mostrou coisas novas e eu me apaixonei por elas, então espero que entenda que se qualquer dia desses a gente se cruzar em um dos nossos tantos lugares preferidos, não será de propósito. É que eu não resisto.

Seu amigo desconhecido.