Vai ser ruim deixar que tudo acabe sem que você possa fazer nada, aquela sensação de que tudo lhe escapa pelas mãos não importa o quanto você tente, com toda a força do corpo e da mente, fazer com que tudo ainda seja seu, que seja único. Vai ser ruim ver que com tão pouco os mais belos castelos de areia podem desmoronar.

     Perceber que ele não é mais seu, e que na verdade nunca foi, ver que quando chegou em casa as coisas já não estavam mais como eram antes e que tudo o que era dele já foi levado embora, e que ele também foi embora, para uma nova vida e, quem sabe, um novo alguém. E não é nem a partida que machuca, apesar de ser sentida na pele e no coração, mas sim a falta que faz, o costume que faz e que a partir de agora não existirá mais.

     E olhar para trás e reviver toda a força das alegrias e tristezas sem querer parar por lá e ficar vai ser difícil. Quanto mais queremos voltar no tempo, mais atrasamos o nosso agora, e o seu universo privado criado no passado agora não passa de um pequeno planeta, frágil mas eterno que gira à sua volta, como se você fosse o sol que o mantém vivo. Mas seu brilho parece ter sido roubado de você e tudo agora está apagado.

     E seguir em frente vai ser uma tarefa difícil, porque de agora em diante é com você. E mais cedo ou mais tarde você vai ter que limpar sua casa e sua alma, abrir o coração mesmo que seja para uma outra decepção, e vai ter que aprender que só se ganha a vida se der a cara à tapa. É assim que a gente amadurece e sente que está pronto pra próxima. Vai ser ruim, mas você vai conseguir, sempre consegue.

Seu amigo desconhecido.