Sobre as pessoas que se vão

12:11:00



     Nós achamos que vai ser pra sempre e não acreditamos que um de nós um dia possa ir, mas do nada nos damos conta de que já estamos indo ou que já fomos. Não dá pra entender muito bem como isso foi acontecer, mas parece que não há mais como voltar, porque o caminho agora nos é desconhecido.

     E em três meses a gente ainda se lembra da pessoa que se foi ou da que ficou pra traz como se fosse ontem. É bom pensar nisso e ter a segurança de se lembrar de como ela era e qual era o cheiro do seu perfume. É tudo tão recente e fresco na memória que te faz pensar que se fizer um pouco mais de esforço vai conseguir tocá-la outra vez.

     Depois de um ano as lembranças começam a se confundir. Você sabe que ainda as guarda em um lugar bem seguro, mas não tem mais certeza de qual era o tom da voz dela, ou quais os detalhes do rosto que sempre foram tão marcantes pra você. É como se tudo estivesse se tornando um vulto ou como se não tivesse acontecido realmente. E tudo está sempre na ponta da língua, mas você não consegue dizer, porque quando tenta, nada sai.

     Quando você para de contar quanto tempo faz, o tempo para de importar e tentar se lembrar também. Você finalmente aceita que nunca se esquecerá dela, mas que também não irá se lembrar de todos os detalhes, porque o seu cérebro prefere esquecê-los para poder se lembrar das partes principais. Depois que as pessoas se vão, a gente fica, e mesmo que pareça que esquecemos, no fundo  a gente ainda se lembra.


Seu amigo desconhecidos.

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Você não pode – e nem precisa – saber quem eu sou, assim como você não precisa se revelar para mim, a menos que queira, é claro. Aqui eu escrevo não só para você mas também em grande parte para mim mesmo, afinal de contas, todo mundo precisa desabafar, e talvez esse seja o jeito que encontrei pra mim, então procure me entender assim como eu tentarei entender você caso queira.

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