Somos colecionadores de términos

12:21:00


     Independente de onde estivermos, uma coisa que a gente sempre vai poder se identificar, até mesmo com o mais completo desconhecido, é o momento do término, porque um fato tão esperado quanto a passagem do cometa Halley é o de que todos já passamos por isso. Pode ser um término em tarefas de trabalho, na leitura de um livro, em relações com amigos e namorados, com momentos de vida, mas é sempre um fim e ele sempre vem.
     E a gente termina às vezes sem ver. Quando percebemos, já não temos mais como prioridades coisas que até pouco tempo atrás eram definitivas em nossa vida. É nesses términos que a gente se despede de pessoas, de momentos e de nós mesmos, essa ultima despedida sendo a mais importante de todas. Quantos de nós mesmos já não foram embora e nos deixaram aqui pra montar um novo "eu"? Tantos que não daria nem pra contar. E é nesses adeus ditos aos nossos velhos nós e aos nossos velhos costumes que vamos descobrindo o que de fato é importante.

     A verdade é que nós estamos sempre terminando, com alguém ou com algo. Muitas vezes não temos essa noção tão clara de que algo em nossas vidas acabou, mas quando olhamos pra trás, percebemos que não estamos mais vivendo aquilo. Nem sempre é ruim lembrar que terminou, mas na maioria das vezes não é bom, porque nunca é fácil ter que se despedir de uma parte de nós mesmos. Mas independente de ser bom ou ruim, é sempre necessário, porque temos que saber terminar pra poder iniciar nossos outros meios.

     Mas sabe de uma coisa? Os términos sempre são melhores, sempre chamam mais a atenção e são mais verdadeiros. E por que? Porque todos nós somos terminados, todos somos os perdedores em algum momento, mas nem sempre somos os inícios e meios. É por isso que términos são melhores: porque tem sempre um lugarzinho pra gente ali, por mais ruim que isso pareça. Mas não tenha medo, porque esse é um lugar temporário, onde a estadia só se estende se a gente não quiser mais ir embora.

     É por causa disso que não devemos tentar evitar os fins, porque eles sempre vêm, mas nunca ficam. Somos todos colecionadores de términos, e é isso que faz de nós o que somos ou deixamos de ser. Colecionamos os mesmos tipos de relíquias, só o que muda são as cores, os tamanhos e as formas. De tempos em tempos as jogamos fora, mas sempre recomeçamos uma outra coleção. Queiramos ou não, sempre estaremos terminando algo, inclusive nesse exato momento, e a prova de que isso é verdade é que você terminou de ler esse texto.


Seu amigo desconhecido.

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Você não pode – e nem precisa – saber quem eu sou, assim como você não precisa se revelar para mim, a menos que queira, é claro. Aqui eu escrevo não só para você mas também em grande parte para mim mesmo, afinal de contas, todo mundo precisa desabafar, e talvez esse seja o jeito que encontrei pra mim, então procure me entender assim como eu tentarei entender você caso queira.

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